sábado, 21 de junho de 2014

ENVELHECER...

Muito se tem falado sobre terceira idade. Há quem diga até que é a “melhor idade”. Todavia vamos analisar melhor esse tema.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) faz um alerta preocupante. Em 2050 haverá, na face da terra, cerca de 400 milhões de idosos com mais de 80 anos, frente aos 14 milhões que havia em meados do século XX. O envelhecimento da população está ocorrendo no mundo todo.

Embora, cada país esteja em uma fase diferente desta transição, segundo um relatório da OMS divulgado recentemente, dentro em breve haverá, no mundo todo, mais idosos de 60 anos do que crianças com menos de 5 anos.

Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Brasil, desde 1970, a população de idosos cresceu, em termos proporcionais, mais do que qualquer outra faixa etária. 

Esse crescimento está sendo tão rápido, que segundo dados levantados pelo IBGE, em 1990 essa faixa da população que constituía 4,8% do total da população em 2012 evoluiu para 12,6 %, assim sendo, em 2012, já éramos 24,85 milhões de brasileiros com mais de 60 anos. A preocupante perspectiva para o século XXI é de que em 2025 o Brasil seja a sexta maior população de idosos do mundo, com aproximadamente 32 milhões de pessoas neste grupo.

As principais causas de longevidade estão relacionadas às grandes inovações científicas e tecnológicas: descoberta de novos medicamentos e tratamentos com diagnóstico precoce de algumas doenças, urbanização adequada das cidades, melhoria nutricional, melhor higiene pessoal, melhores condições sanitárias em geral e, particularmente, condições ambientais no trabalho e nas residências, proporcionando assim melhores condições de vida. Entretanto, esse fato vem sendo motivo de preocupação, pelas implicações que podem trazer no atendimento às necessidades básicas deste segmento etário.

Envelhecer, entretanto, é o caminho que cada um de nós irá trilhar num futuro próximo. Poderemos envelhecer com autonomia, se tivermos condições financeiras e nossa saúde física e emocional nos permitir. 

Alguns de nós, talvez, nos tornemos dependentes de familiares ou passemos a viver em clínicas ou casas de repouso.

A Bíblia narra a trajetória de homens e mulheres, de muita fé, que, embora em idade avançada, foram escolhidos por Deus para desempenhar missões por Ele determinadas. Vamos citar dois exemplos muito significativos: Abraão e Moisés.

Em GÊNESIS 12.4-5 Abrão é chamado por Deus, quando tinha 75 anos, para sair de Ur, na Caldeia e ir com a família para a terra de Canaã. Abrão não questionou essa ordem divina, apenas obedeceu o chamado de Deus, sem duvidar. Deus, ainda, prometeu a Abrão, que passou a ser Abraão, que faria dele e de seus descendentes uma grande nação. 

Essa promessa deve ter lhe causado estranheza, pois sua esposa Sarai, posteriormente Sara, não podia ter fi lhos.No entanto, Deus cumpre sua promessa e Sara dá à luz ao seu fi lho Isaque (Gn 21.1-7). Deus prova novamente a fé de Abraão e pede a ele que sacrifique seu único filho Isaque. Ele obedece a Deus e prepara tudo para o sacrifício. 

Deus, no entanto, no último momento, intervém e poupa a vida de Isaque. Lembramo-nos, também, da inabalável fé de Moisés que libertou o povo israelita do Egito e conduzindo-o, como seu líder, pelo deserto por 40 anos. Foi homem fiel ao Senhor e realizou a missão que Deus lhe confiou com eficiência e distinção. 

Preparou a Josué, seu sucessor, apresentando-o ao sumo sacerdote na presença da congregação e lhe impôs as mãos e o investiu no cargo que ele havia exercido. Tendo feito isso, subiu ao monte Nebo e ali morreu. Embora em idade avançada, diz a Bíblia: “...não se lhe escureceram os olhos, nem se lhe abateu o vigor” (DT 34.7).

Nesses dois relatos bíblicos vemos Deus chamando homens que desempenharam suas missões com extrema dedicação e fidelidade ao Senhor, no pleno gozo de suas forças físicas e mentais, mesmo em idade avançada.

Aqui paramos e nos perguntamos: poderemos também envelhecer servindo ao Senhor com alegria e vigor?

A saúde, física e mental, pode ser conservada se desenvolvermos hábitos saudáveis de vida. Encarar a vida com otimismo, praticar atividades físicas, rir, ler bons livros, assistir filmes, estar com os amigos, fazer nossas
meditações diárias e manter viva a nossa fé, são atitudes que podem nos ajudar a termos dias mais saudáveis e felizes.

Em 2011, constatamos que meus pais, que residiam em Juiz de Fora, Minas Gerais, já estavam idosos e com a saúde debilitada, não poderiam mais ficar distantes e sós. Providenciamos, então, a mudança deles para Piracicaba.

Tivemos o cuidado de montar, para o casal, uma residência de forma a mantê-lo em sua própria casa, com a sua privacidade e autonomia preservadas.

Minha mãe estava já com seu coração “bem fraquinho”, conforme já nos tinha alertado seu cardiologista. Assim, enfrentamos a triste realidade de seu falecimento, dois meses depois da mudança. Papai sentiu muito a morte de sua companheira de 64 anos de vida conjugal!

Com essa ausência, meu pai foi ficando cada dia mais debilitado e reduzindo suas atividades. Hoje, caminha com dificuldade, precisa de ajuda para a sua higiene pessoal, para vestir-se e para alimentar-se. Está numa
situação de total dependência. Coube à mim atendê-lo nas suas atividades diárias. É uma tarefa exigente e desgastante, porém a companhia do Senhor me fortalece a cada dia. 

Sinto a Sua presença comigo diariamente a me orientar, guiar e capacitar para as situações inusitadas.

A participação da família, com gestos de compreensão, de apoio, de incentivo, de solidariedade, de cumplicidade, são atitudes imprescindíveis para quem cuida do idoso. A companhia dos amigos de fé orando por nós, telefonando, procurando nos apoiar com sua amizade, também nos anima e conforta, pois sabemos que não estamos sozinhos.

Não há escola para nos ensinar a enfrentar todos os desafios que a vida nos apresenta. Por isso as leituras, a orientação de um geriatra, as conversas com pessoas que também passam pela mesma experiência são de fundamental importância para descobrirmos novos caminhos na jornada.

Transcrevo a seguir a Oração do Idoso para juntos refletirmos sobre essa etapa tão delicada da vida.

“Bem-aventurados aqueles que compreendem meus passos vacilantes e minhas mãos trêmulas;

Bem-aventurados os que levam em conta que meus ouvidos captam as palavras com dificuldade, por isso procuram falar mais alto e pausadamente;

Bem-aventurados os que percebem que meus olhos já estão nublados e minhas reações são lentas;

Bem-aventurados os que desviam o olhar, simulando não ter visto o café por vezes derramado sobre a mesa;

Bem-aventurados os que nunca dizem ‘você já contou isso tantas vezes’;

Bem-aventurados os que sabem dirigir a conversa e as recordações às coisas dos tempos passados;

Bem-aventurados os que me ajudam a atravessar a rua e não lamentam o tempo que me dedicaram;

Bem-aventurados os que compreendem quanto me custa encontrar forças para carregar minha cruz;

Bem-aventurados os que amenizam os meus últimos anos sobre a terra;

Bem-aventurados todos aqueles que me dedicam afeto e carinho, fazendo- me, assim, pensar em Deus;

Quando entrar na Eternidade, lembrar-me-ei deles, junto ao Senhor”.(1)

Que o Senhor nos abençoe e nos torne cada dia mais disponíveis para entender e cuidar dos idosos a nós confiados! Amém e amém!

Susana F. Ribeiro Maia - publicado na Revista Gaivota da Sociedade de Mulheres da Igreja Metodista Central [Catedral] de Piracicaba. 

quarta-feira, 18 de junho de 2014

O Pentecostes, o Brasil e a Copa

O Pentecostes, o Brasil e a Copa

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Foto: Reuters
Pentecostes é uma das festas regulares dos israelitas, comemorada há milhares de anos. Para participar dessa festa, celebrada 50 dias após a Páscoa, gente de todas as partes viajava para Jerusalém. Com o passar dos séculos ela tornou-se internacional, atraindo devotos de muitos povos e regiões diferentes. Foi numa dessas ocasiões, exatamente durante a celebração da Festa de Pentecostes, que ocorreu uma manifestação divina especial, em cumprimento à promessa de derramar o Espírito, como água viva sobre a terra seca, tendo em vista abençoar muitas raças e nações diferentes. Naquela oportunidade o Evangelho foi espalhado para muitos povos! Assim, também a igreja de Cristo celebra o Pentecostes, o que acabamos de fazer neste último domingo, às portas da abertura da Copa do Mundo de Futebol.
Em nossos dias, a Copa do Mundo também tem o poder de reunir diferentes nações, concentrando multidões, em geral num país, para uma celebração que tem a intenção de estimular a paz e o convívio respeitoso entre pessoas e povos.

O mundo ama futebol; e os brasileiros, então, o têm em alta consideração. Futebol faz o nosso país vibrar e é uma espécie de metalinguagem nacional, onde estão representados sentimentos, expectativas, angústias, dramas e lutas da nação. O brasileiro raramente é indiferente ao futebol e menos ainda diante da realização da Copa do Mundo em nosso território. As emoções sobem e se transfiguram em paixão. Mas, desta vez, estamos mais cientes de que a realidade do nosso país vai muito além da emoção dos jogos, das alegrias das vitórias ou tristezas por eventuais derrotas. Hoje a consciência está mais amadurecida e temos compreensão de que a construção de uma sociedade justa e igualitária extrapola os campos e as partidas de um campeonato mundial de futebol. A magia do futebol não enfeitiça a nação diante dos desafios que temos!

Torcemos para a seleção balançar as redes, reconhecendo que alguns não o façam, mas torcemos mais ainda pelo Brasil. Esperamos que o Brasil seja campeão em campo e também fora do campo. Sabemos que o Brasil tem suas virtudes e problemas, como qualquer nação, e estamos desenvolvendo uma avaliação cada vez mais nítida da situação nacional. Mas não nos envergonhamos do nosso país, nem do nosso povo, apesar das questões ainda não resolvidas e da conturbada preparação deste Mundial. Não precisamos nos sentir inferiores por causa dos problemas que ainda temos para equacionar e afirmamos a nossa identidade fugindo da arrogância. O que esperamos é que o Brasil vá muito além da organização de uma Copa do Mundo e invista, cada vez mais, para melhorar a educação, a saúde e a segurança da população. Quando houver mais justiça social, menos corrupção, uma classe política mais qualificada e melhor distribuição de renda, então iremos cantar o Hino Nacional juntos com mais força ainda!

Somos um povo acolhedor e nos alegramos em receber os visitantes de outros países. Os estrangeiros são bem vindos ao nosso país e esperamos que experimentem algo da boa alegria brasiliana e que conheçam as belezas naturais e os magníficos sabores do Brasil, mas sem envolver-se de modo nenhum na exploração sexual de crianças e adolescentes. O Brasil não é destino de turismo sexual! Não aceitamos que esta festa, que nos está custando tão caro, seja usada para fins escusos como o turismo sexual e a exploração de menores, nem que este momento festivo seja usado para fins que dificultem a vida da população e venham a destruir o patrimônio nacional. Queremos que esta festa seja marcada pelo bom convívio e respeito para com todos, sejam estrangeiros ou brasileiros.

Amamos o Brasil como nação, igualmente reconhecida e constituída sob a benção dos céus, entre centenas de outras nações. Milhares de brasileiros são voluntários para cooperar com a organização do evento e outros milhares ajudarão espontaneamente aos estrangeiros e turistas. Mais do que oferecer uma festa e compartilhar a alegria momentânea da Copa do Mundo, porém, desejamos repartir os valores que identificam a nossa nação. Oramos que o Evangelho alcance e abençoe os milhares de visitantes que vierem ao nosso país e que estes levem de volta na bagagem ótimas lembranças do Brasil, mas, especialmente, a Paz permanente nos seus corações, para espalhá-la entre os seus povos, assim como ocorreu no Pentecostes dois mil anos atrás. Esperamos que a ocasião da Copa do Mundo sirva como plataforma de encontro e congraçamento dos povos da Terra, mas também para o Brasil dar um passo e crescer como nação.

Oramos, pois, pela nossa nação, pelo seu povo e seus governantes, neste momento tão especial para todos nós. Oramos pelas nossas crianças e pelos desfavorecidos, para que sejam protegidos e experimentem segurança durante este período. E oramos que as diferentes iniciativas de tantas de nossas igrejas para estes dias tenham a marca do Evangelho e levem muitos a celebrar a vida nova em Jesus Cristo.
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Fonte: Aliança Evangélica - recebido por e-mail do Pastor Cleydemir Oliveira